A Câmara de Vereadores de Travesseiro aprovou, por unanimidade, um requerimento que convoca integrantes da Associação Amigos de Travesseiro e Marques de Souza para prestar esclarecimentos sobre a ponte baixa construída sobre o rio Forqueta, cuja estrutura foi parcialmente comprometida após uma enchente em 28 de maio.
A obra teve início em novembro de 2024 e, até o momento, não foi concluída. O pedido de esclarecimento partiu do presidente da Câmara, vereador Adriano Steffler (PP), que justificou a medida devido à crescente preocupação da comunidade.
“Existem muitas conversas sobre essa obra, e isso tem ficado polêmico. Queremos que os responsáveis se manifestem sobre o que tem ocorrido”, declarou Steffler durante a sessão.
Durante a semana, a presidente da associação, Edna Kremer, afirmou em entrevista à rádio comunitária de Marques de Souza que a entidade irá se manifestar.
Segundo ela, o objetivo é esclarecer todas as dúvidas sobre o projeto. Durante a semana também se manifestaram membros da associação e o engenheiro responsável pela obra, Samir Marcos Battisti.
A ponte, orçada em R$ 2,6 milhões, foi financiada pela Associação Amigos de Travesseiro e Marques de Souza, com recursos captados por meio do Sicredi Integração e do programa Reconstrói RS, do Instituto Ling.
Desde a avaria, a associação tem buscado alternativas para garantir a travessia de veículos leves e pesados, inclusive com apoio do Ministério Público.
Foram realizadas quatro audiências para discutir um termo de acordo entre a associação, a construtora e as prefeituras de Travesseiro e Marques de Souza.
O entendimento firmado estabelece que a obra continuará sob responsabilidade da associação e da construtora até a emissão de um laudo técnico que ateste a segurança da estrutura. Após isso, a ponte será entregue para gestão pública.
Ponte sem fundação firme
O engenheiro Samir Marcos Battisti afirmou que a estrutura enfrentou quatro enchentes desde o início da construção e que o projeto foi baseado em análises do solo local.
“Foram realizadas sondagens entre 12 e 14 metros e não se encontrou chão firme. Isso afetou diretamente a fundação. A ponte está hoje sem base sólida, pois os seixos que davam sustentação foram levados pela correnteza”, explica.
Battisti também garantiu que, apesar do trecho de 30 metros que cedeu, a estrutura não apresenta rachaduras e que essa parte danificada agora será reaproveitada como base para o aterro dos acessos.
Segundo ele, a travessia de veículos pesados só será autorizada quando houver garantias plenas de segurança.
“Só erra quem faz”
Mesmo sem responsabilidade direta sobre a obra, o prefeito de Travesseiro, Gilmar Luiz Southier, saiu em defesa da associação. Ele reforçou que a prefeitura só assumirá a ponte quando houver a liberação oficial para o tráfego seguro de todos os veículos. “Vamos receber a obra quando ela estiver totalmente segura”, afirmou.
Southier demonstrou descontentamento com críticas recebidas nas redes sociais e manifestações da comunidade, mas afirmou compreender a angústia da população e especialmente das empresas afetadas pela falta de mobilidade. “Só erra quem faz alguma coisa.
Eu acredito que a obra será concluída, mas precisamos garantir a segurança. Se acontecer uma tragédia, é a prefeitura que será cobrada. E só podemos fazer isso com responsabilidade”, concluiu.