O turismo do Rio Grande do Sul vive um momento de reposicionamento e expansão. Novas campanhas e presença constante em eventos nacionais e internacionais têm buscado colocar o Estado na vitrine do setor. No Vale, entretanto, ainda é preciso reverter a imagem afetada pelas enchentes e consolidar a região como destino estruturado, capaz de reter visitantes por mais tempo.
Essa é uma avaliação conjunta do secretário estadual de Turismo, Ronaldo Santini, e do presidente da Associação dos Municípios para o Turismo da Região dos Vales (Amturvales), Rafael Fontana. Ambos defendem ações coordenadas, material promocional atualizado e participação ativa nos grandes eventos do setor para que o Vale possa surfar a onda de investimentos e oportunidades.
Segundo Santini, o Estado busca explorar a diversidade cultural e natural dos 497 municípios gaúchos. Para ele, o Vale do Taquari, caso não tivesse ocorrido a tragédia climática de 2024, despontaria como a principal região turística do RS, com atrativos como o Trem dos Vales e o Cristo Protetor de Encantado.
A meta agora é transformar o Vale em um destino competitivo, com material de divulgação de alto nível, presença em grandes eventos, integração entre municípios e empreendedores, e uma oferta maior de experiências capazes de fazer o visitante ficar mais tempo.
“O que precisamos agora é reconectar os pontos e garantir que o turista viva experiências únicas em cada cidade. Isso é parte de uma estratégia profissional, que vai além de atrair o visitante: é preciso fazê-lo ficar mais tempo na região”, explica.
Meta agora é transformar o Vale em um destino competitivo, com material de divulgação de alto nível
Melhor organização
Fontana reforça que o RS vive uma fase de entusiasmo e investimento “profissional no turismo, mas o Vale precisa acompanhar esse ritmo. “Temos que ter a coragem e a ousadia de nos posicionar melhor na vitrine do Estado. Isso exige ferramentas, organização e presença nos grandes eventos do setor”, afirma.
Segundo ele, um dos principais gargalos da região é a falta de material promocional atualizado e bem produzido. “Hoje, se um visitante chega para passar o dia no Vale, temos alguns empreendimentos na ponta da língua. Mas para que ele fique mais tempo, precisamos oferecer informações mais organizadas. Precisamos de imagens boas, um diagnóstico do empreendimento, sobre em qual horário funciona, o que serve..”, cita.
Participar de feiras e eventos nacionais não é apenas mostrar o destino, mas também negociar diretamente com operadoras, promover capacitações e trocar experiências com outros empreendedores do setor, alerta Fontana. “Gramado e Bento Gonçalves fazem isso muito bem. O turista precisa encontrar aqui o mesmo nível de organização e profissionalismo”, pontua.
Linha de crédito
O Estado prepara o lançamento de linhas de crédito específicas para empreendimentos turísticos maiores. Santini explica que serão regras rigorosas, voltadas a projetos capazes de mudar a escala do turismo regional. É um movimento diferente do Sul Tchê Espera, lançado semana passada.
Fontana revela que há investidores internos interessados em executar projetos dessa dimensão no Vale. “Mas não podemos perder tempo. É preciso decidir agora se queremos fazer parte disso. Se efetivamente querem participar, precisam organizar logo seus portfólios”, cita Fontana.
Nova plataforma
- Criado pelo Secretaria de Turismo (Setur), o Sul Tchê Espera, reúne um conjunto de medidas voltadas à promoção dos destinos gaúchos e ao fortalecimento do turismo como vetor estratégico de desenvolvimento econômico, social e cultural. O investimento será de R$ 214 milhões;
- O programa também marca uma virada na comunicação institucional da pasta, com foco na integração entre os segmentos turísticos e na valorização da identidade regional;
- A campanha busca fortalecer o posicionamento do RS como um destino diverso – com roteiros de inverno, turismo rural, cultura tradicionalista, gastronomia, natureza e eventos ao longo de todo o ano.